Na manhã deste domingo (23), o Grupo Elite do Pedal promoveu uma homenagem ao ciclista e comerciante Daniel Oliveira Magalhães, de 46 anos, que morreu na noite de sexta-feira (21), após ser atropelado, quando trafegava de bicicleta em um trecho da BR-030, nas proximidades da localidade de Altamira, na zona rural de Palmas de Monte Alto (BA).
Durante todo o cortejo, o grupo ao qual Daniel integrava, levou faixas expressando o sentimento dos seus membros de não tirar da memória a presença de Daniel junto ao grupo e também de reivindicação pelo alto índice de acidentes envolvendo ciclistas pela falta de respeito que muitos motoristas demonstram pelas estradas de todo o Brasil.
O corpo do falecido foi velado na Igreja Batista Filadélfia, na rua João Ribeiro da Silva, no bairro Bonfim, nesta cidade. Em seguida, foi sepultado no Cemitério Local. Na chegada do corpo, os ciclistas ficaram de um lado e do outro, deixando uma roda das suas respectivas bicicletas ao solo e a outra ao ar em sinal de respeito a Daniel. [assista ao vídeo]
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No sábado (22), o referido grupo divulgou uma Carta Aberta. [confira]
Palmas de Monte Alto/BA, 22/01/2022. Carta Aberta. Os Ciclistas do grupo “Elite do Pedal”, repudia, com veemência, quaisquer tentativa de culpabilizar o ciclista Daniel, vítima de um trágico acidente ocorrido ontem, 21/01/2022, na BR 030. Ocorre que, infelizmente, alguns irresponsáveis, sem qualquer conhecimento dos fatos, atuando apenas com o achismo (que lhes é peculiar), atribui a Daniel como sendo esse o responsável pelo acidente. O Código Brasileiro de Trânsito cita que (numa linguagem simples): é de dever do veículo maior proteger o veículo menor (motorizado ou não). Caso aja em desconformidade a essa regra, incorre o motorista em infração de transito, com consequências judiciais. Não obstante, quase que frequente, são noticiados, como sendo vítimas mais comuns de atropelamentos: pedestres, seja adultos, crianças e idosos, alguns até com certa dificuldade de locomoção, etc. No caso de Daniel, a causa de sua morte, sem dúvidas, foi a imprudência e irresponsabilidade do motorista, visto que sua fuga e a não prestação do socorro indica que, no mínimo, algo estranho tinha. Quem atropela um semelhante e o deixa à própria sorte, sabendo que o socorro prestado com certa urgência poderá salvá-lo? Não consigo imaginar algo tão primitivo! Vivemos tempos sombrios. A compaixão, o respeito, a admiração, deixaram de existir e de ser praticada pelos seres humanos, em sua grande maioria. Atrelado a isso, temos a certeza da impunida por diversos fatores. Só pra se ter como base, anualmente, cerca de 40 mil pessoas morrem vítimas de atropelamento, seja no perímetro urbano ou em rodovias brasileiras. A luta é para que o Brasil seja de todos. Nosso desejo é que as pessoas possam transitar com segurança, e que nenhum pedestre, ciclista, motociclista, etc., temam em perder suas vidas ao se deslocarem de uma lugar a outro, seja por qual meio for. Hoje, um ato simples como atravessar a rua virou motivo de medo para muitos, devido aos índices de atropelamento. Sabemos, também, que o número de ciclistas no país cresceu absurdamente, isso se deu devido a agilidade que a bicicleta traz; por ser uma grande aliada a saúde; por razões até mesmo em poder economizar e contribuir com o planeta, sendo usada como meio de transporte sustentável. Não é justo pagar com a vida por isso! Clamamos por uma educação e conscientização, a fim de termos um trânsito que privilegie a vida, onde, efetivamente, o maior proteja o menor; onde o motorizado proteja o não-motorizado, conforme determina a nossa Legislação de Trânsito. Enquanto não respeitarmos isso, veremos os números de mortes de ciclistas e pedestres crescerem, acumulando corpos de vítimas fatais em estatísticas, bem como os que terão que conviver com sequelas físicas e psíquicas, muitas delas até mesmo irreversíveis. Diferente do que muitos estão por aí comentando, até mesmo de forma dolosa, e sem responsabilidade alguma, esse também deixou de comentar que poderia o Estado, na realização da obra asfáltica, ter ampliado a área de acostamento, com a finalidade de trazer mais segurança para todos. Daniel era pai, esposo, irmão, filho, amigo… Atitudes como essa só nos faz acreditar, ainda mais, que a vida humana é desprezada pelo seu semelhante. Pedimos respeito! Por Daniel e por cada pedestre, ciclista e por toda vida humana.