Previsões de chuvas estão abaixo da média na região de Guanambi para o quarto trimestre de 2023, diz meteorologista

As chuvas devem ficar abaixo da média no quarto trimestre de 2023 na Região de Guanambi. A informação foi confirmada pelo meteorologista e consultor Francisco Assis Diniz, ex-diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em palestra realizada no auditório da Câmara Municipal nesta segunda-feira (11).

O motivo das previsões indicarem chuvas menos volumosas do que nos últimos três anos é a ocorrência de El Niño, quando há aquecimento das águas da faixa equatorial do Oceano Pacífico. Nestas condições, as chuvas costumam ocorrer mais ao sul do país, como já vem ocorrendo no Rio Grande do Sul, enquanto as regiões ao centro e ao norte ficam com menos precipitações e mais calor.

Os prognósticos apresentados indicam anomalia negativa nos meses de outubro, novembro e dezembro. A notícia mais positiva é que deve chover com alguma regularidade durante todo este período, embora os volumes esperados sejam bem menores do que dos últimos dois anos, quando a influência era da La Niña.

As previsões indicam também que deve haver um veranico, tempo mais prolongado de estiagem em pleno período chuvoso, entre janeiro e fevereiro, e que as previsões para os últimos meses antes do início da seca são de anomalia positiva, ou seja, deve chover acima da média entre meados de fevereiro e abril.

Apesar das notícias não muito animadoras para os próximos meses, o meteorologista confirmou a possibilidade de chuvas em algumas localidades neste fim de semana. Mas antes, as temperaturas devem subir consideravelmente. Essa previsão, mesmo de curto prazo, ainda não é unânime entre os modelos meteorológicos.

Previsões 2023 / Climatologia dos últimos 30 anos

  • Outubro – 50 a 60 mm / 60 a 70 mm
  • Novembro – 100 a 140 mm / 140 a 160 mm
  • Dezembro – de 30 a 50 mm abaixo da média /  170 a 180 mm
  • Janeiro – abaixo da média / 140 a 160 mm
  • Fevereiro, março e abril – chuva acima da média

Diniz destacou que as previsões de longo prazo são menos confiáveis e que indicam apenas tendências, sendo difícil estimar volumes de chuvas acumulados com precisão. Ele disse ainda que a primavera que se iniciará no próximo dia 23 será de bastante calor, como vem sendo informado pela Agência Sertão nas últimas semanas.

Ele ressaltou que tudo vai depender da intensidade do El Niño, que tende a ficar forte em dezembro, o que pode diminuir as chuvas sobre a região.

Mudanças climáticas e fenômenos atípicos

Durante a palestra, o meteorologista falou de eventos climáticos atípicos ocorridos na região que também inclui parte do Norte de Minas. Essas áreas ficaram praticamente sem chuvas do fim de janeiro até meados de abril, fato que não se tem registro histórico oficial anterior.

Por conta da atuação persistente do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (Vanc), área onde os ventos nos níveis mais altos da atmosfera giram no sentido horário, fazendo com que o ar seco desses níveis mais altos desçam para a superfície, essas áreas foram as que menos receberam chuvas de todo o território nacional neste período.

Ele também falou sobre os temporais registrados no fim de agosto, que também não são comuns de acontecer. Além disso, Guanambi registrou temperaturas médias acima dos picos históricos para os últimos meses.

Francisco Diniz destacou o aumento das ocorrências de eventos climáticos intensos, no mundo e no Brasil, como as ondas de calor nos Estados Unidos e Europa, a seca dos últimos anos em áreas do Sul e as chuvas históricas do litoral paulista em fevereiro deste ano, quando foram registradas as maiores chuvas em um único dia em toda a história, superior a 600 mm em algumas localidades, como o município de Bertioga, com 683 mm em 24 horas.

Foi apresentado um gráfico com as temperaturas médias medidas desde 1880, que indicam elevação acentuada do calor, principalmente a partir dos anos 80. Diniz atribuiu os aumentos às condições naturais do ciclo da terra, mas também à atividade humana, principalmente a emissão de gases poluentes dos Estados Unidos e China.

Diminuição de produtividade das safras na Bahia

Para ilustrar como o El Niño afeta as condições climáticas na Bahia, o meteorologista mostrou gráficos que mostram a queda da produção de soja no Oeste Baiano quando o fenômeno está em ação. Por outro lado, os gráficos da produção agrícola da Argentina mostram o contrário, com diminuição da produtividade durante a La Niña.

A palestra foi uma iniciativa do empresário Luiz Carlos Fernandes, proprietário da empresa Bahia Solo, com apoio da Prefeitura de Guanambi e da Câmara de Vereadores, que cedeu mais uma vez o espaço. Este evento sobre prognósticos de chuva em Guanambi são promovidos há mais de duas décadas.

Fonte: Ascom

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