
Perder um parente vítima de suicídio é algo doloroso, mas quando a ação é cometida por uma criança, o sentimento de impotência pode ser ainda maior para quem fica. Para a professora acadêmica e psicóloga Avany Cardoso Leal, os pais, os cuidadores e a escola devem ficar atentos às mudanças de comportamentos dos pequenos. Segundo ela, muitos ainda não sabem lidar com os seus sentimentos, uma vez que estão em processo de formação e, diante de um problema, acabam apresentando sintomas depressão que acabam não ficando aparentes para quem tem a convivência diária. Os sintomas da doença são bem diferentes dos adultos. Com isso, a criança acaba não sendo vista e, infelizmente, põe fim à própria vida.
Um caso similar aconteceu nesta segunda-feira (29), na cidade de Guanambi (BA). Segundo informações obtidas pelo PORTAL VILSON NUNES, uma menina de 12 anos, cometeu suicídio por enforcamento dentro da sua residência, situada na rua D, no bairro Monte Azul. Uma equipe do Departamento de Polícia Técnica esteve no local realizando a perícia. Em seguida, o corpo foi encaminhado Instituto Médico Legal de Guanambi para realização de procedimentos técnicos.
Dicas para identificar problemas
Segundo Avany, há relatos de casos como esse, de suicídio infantil, em vítimas até mais novas, com idade de nove anos. “A criança, quando apresenta sinais de depressão, apresenta dor de cabeça, dor de barriga, porque ela não sabe lidar com isso, com sentimentos. Fica mais irritada, agressiva, tem queda de rendimento na escola. Fica no isolamento e para de brincar”.
Neste momento, os pais ou responsáveis, pessoas que cuidam da criança e, ainda, os professores devem ficar mais atentos à questão. “Percebendo essa mudança de comportamento, os pais ou qualquer pessoa deve conversar com a criança. E mesmo que ele diga que está tudo certo, mas vendo que tem alguma coisa ali, com jeitinho, tenta ver o que está acontecendo. Em muitos casos, é possível reverter esse quadro”.
Casos recentes
Este é o terceiro suicídio em menos de 72 horas na região. Na sexta-feira (26), um homem de 58 anos, foi encontrado morto dentro de sua residência, na praça do Mercado, no centro de Caetité (BA). E também nesta segunda, uma mulher, identificada como Ana Fernandes Neves, de 52 anos, cometeu suicídio dentro da sua residência, situada na rua Juscelino Kubitschek, no bairro Novo Horizonte, em Guanambi (BA).
Valorização da vida
O suicídio representa uma parcela expressiva do número de óbitos registrados no Brasil e no mundo e, neste contexto, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública. Para prevenir estas situações, existe o Centro de Valorização da Vida (CVV).
Fundado em São Paulo, em 1962, o CVV é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.
Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24h e sem custo de ligação) ou 141 (nos estados da Bahia, Maranhão, Pará e Paraná), pessoalmente (nos 89 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br, por do meio chat e-mail. Nestes canais, são realizados mais de 2 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 2.400 voluntários, localizados em 19 estados mais o Distrito Federal.