Em entrevista à Globo, ela contou que essa foi a segunda vez que a loja de eletrônicos dela e do marido, a Carlos Eletrônicos, foi invadida por dependentes químicos na rua Santa Ifigênia, desde o início da pandemia.
Devendo dois meses de aluguel da empresa, por causa do último saque e dos efeitos nocivos da Cracolândia no movimento do comércio da região, Ângela afirmou que agora está completamente falida e sem condições de se reerguer. “Levaram todas as máquinas, celulares de clientes. Toda a mercadoria, não sobrou nada. Eu ainda tenho que responder por celulares de clientes. Porque tem uns que entendem, outros não. Não tenho como mais levantar dinheiro para comprar nada e reabrir a loja”, afirmou.
Segundo a empresária, na noite de quarta (1), por volta das 21h, ela recebeu ligações dos vizinhos da loja informando sobre a tentativa de saque no estabelecimento. Ela e o filho tentaram ir ao local para impedir a ação dos usuários de drogas, mas foram agredidos pelo grupo.
“Os vizinhos começaram a ligar e quando a gente desceu, para tentar evitar e conversar para não arrombar a loja. Mas eles já começaram a jogar pedra, atirar faca. Tinha um ou outro que levantou arma. A gente teve que voltar e esperar que levassem tudo. Não tinha o que fazer. Só chorar. Eu chorei muito, muito. Porque é difícil sobreviver. Muito difícil…”.
Ângela tem três filhos. A menor tem apenas nove anos de idade. A família mora de aluguel no Centro e, desde 2016, está na fila da Prefeitura e do Governo de São Paulo para adquirir uma casa própria financiada pelo Poder Público.
“Preciso de um novo trabalho ou alguém que me financie uma máquina de sorvete, para eu começar a trabalhar e pagar quem eu devo. Porque meu pai me ensinou que a única coisa que a gente tem na vida é o nome da gente. Que você nunca pode sujar esse nome. Preciso de uma ajuda para voltar a viver e trabalhar e ser digna de levar o pão de cada dia para casa”, desabafou. [assista]
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O que diz a SSP
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) disse que a Polícia Civil já está conduzindo diligências no local com o objetivo de coletar informações que possam auxiliar no registro e na identificação dos envolvidos.
“Até o momento, não foi encontrado o boletim de ocorrência relacionado ao caso. É imprescindível o registro formal das ocorrências para auxiliar nas investigações e na reorientação do patrulhamento ostensivo nas ruas”, afirmou.
Apesar da nota da polícia, a empresária não se conforma com o descontrole da violência na Santa Ifigênia, por causa da Cracolândia. “Além de comerciante, sou humana e sou humilde também. Vim do interior para buscar uma vida melhor, para não ver a minha criança passar necessidade. Para eu não precisar pedir, mas é justo deixar uma metrópole como São Paulo, a maior da América Latina, se transformar nisso aqui? Você perder seu ganha pão da noite para o dia? Não é justo.”
Fonte: G1