
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira ((20), na cidade de Guanambi (BA), a reportagem do PORTAL VILSON NUNES questionou o governador da Bahia – Rui Costa sobre o prejuízo sofrido pelo estado da Bahia e o Consórcio Nordeste em virtude da compra de respiradores junto à empresa Hampcare, no ano de 2020, que vem sempre destacado pelos senadores da base do governo federal na CPI da Covid-19.

Em resposta ao jornalista Vilson Nunes, Rui afirmou que foi o próprio Governo do Estado, por meio da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), que realizou uma operação policial que levou à prisão de suspeitos de envolvimento na venda dos respiradores. Ele criticou o fato do Ministério Público ter requerido a soltura dos acusados. “As providências que o governador podia tomar foram tomadas, prendemos todos os criminosos, estavam presos, mas inexplicavelmente, o Ministério Público requereu a soltura de todos eles e remeteu o processo para o STJ, considero inexplicável essa atitude, se dependesse de mim eles estavam todos presos e já teriam devolvido o recurso“, manifestou. [OUÇA A ENTREVISTA]
No momento, conforme informações do governador, o caso está sob a responsabilidade do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e toda a apuração do caso está sendo acompanhada pelo Governo do Estado da Bahia.
ENTENDA O CASO
A fraude na venda de 300 respirados para o Consórcio Nordeste rendeu um prejuízo de cerca de R$ 10 milhões ao governo da Bahia. Os valores foram estimados pela delegada à frente do inquérito, a coordenadora do setor de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública da Polícia Civil, Fernanda Asfora, na manhã desta segunda-feira (1º). Na ocasião, ela participava da coletiva de imprensa para detalhar os desdobramentos da Operação Ragnarok, deflagrada em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
De acordo com Fernanda, o valor unitário dos respiradores foi de “mais ou menos R$ 160 mil” e os demais estados do Nordeste pretendiam adquirir 30 unidades cada um, elevando o custo deles para R$ 4,8 milhões. Como a Bahia compraria 60 unidades, a conta do estado chega a R$ 9,6 milhões, de acordo com o valor indicado pela Polícia Civil, o que totaliza os cerca de R$ 48 milhões previstos no contrato e pagos antecipadamente.
A delegada conta que a empresa contratada, a HempCare, disse que os respiradores viriam de uma fabricantes chinesa, mas após sucessivos atrasos, alegou que todos os ventiladores tinham registrado defeito na válvula de escape e sugeriu que uma empresa sediada no Brasil, a BioGeoEnergy, fornecesse os equipamentos. Só que essa proposta não foi aceita pelos estados porque a suposta fabricante não tinha autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o serviço.
Ao chegar na suposta fabricante brasileira, em Brasília, a polícia apreendeu um respirador. Para Fernanda, a suspeita é de que a empresa tinha duas ou três unidades que usava como mostruário para realizar suas negociações. Porém, a fábrica ainda estava em processo de montagem.