
Na noite desta segunda-feira (2), um princípio de rebelião foi registrado no Conjunto Penal de Brumado, mobilizando guarnições da CIPE Sudoeste, Rondesp Sudoeste e do 24º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que atuaram em conjunto com a Polícia Penal para controlar a crise. A situação levou à suspensão das visitas na terça-feira (3), gerando tensão entre familiares que se aglomeraram do lado de fora da unidade em busca de informações. [assista]
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Ana Maria, residente em Brumado, relatou ao site Achei Sudoeste que os internos estão sendo submetidos a agressões com balas de borracha, bombas e spray de pimenta. “Os meninos gritavam pra parar de bater, pediam menos. Uma opressão. O presídio está uma bagunça, um inferno”, desabafou. Segundo ela, o estopim da confusão foi a qualidade da alimentação servida. “A comida é podre, os meninos estão passando mal. Ontem, o cheiro de carniça vinha aqui na porta do presídio”, afirmou.
Solange, dona de casa de Condeúba, expressou preocupação com o silêncio das autoridades. “Eles estão gritando lá dentro. Estamos escutando os gritos daqui. Está todo mundo tenso”, relatou. Leidiane, de Guanambi, destacou que até os advogados foram impedidos de entrar no presídio, o que, segundo ela, agrava a sensação de que a situação é grave.
Atualmente, o Conjunto Penal enfrenta superlotação, com 600 presos, e as denúncias sobre precariedade e maus-tratos não são novas.
Ação da Aucib e denúncias ao CNJ
A Auditoria Pública Cidadã (Aucib) acionou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o diretor do presídio, Igor Henrique Silva Barreto, por suposta má administração e violação de direitos dos presos. Segundo o diretor da entidade, Genivaldo Azevedo, as principais queixas incluem a qualidade da alimentação, atrasos nas refeições e a falta de assistência médica. “Desde o início, o presídio tem sido mal conduzido. A responsabilidade é do Governo do Estado, que faz vista grossa para a situação”, apontou.
A denúncia da Aucib reforça um histórico de reclamações dos familiares e internos, que acusam a direção de praticar punições coletivas e de utilizar gás e balas de borracha como forma de intimidação.
O diretor da Aucib destacou que a má gestão do presídio tem impactos diretos na sociedade. “Se o sistema não ressocializa, ele cria um ciclo de violência. Cada detento que volta pior do presídio é um reflexo do erro estrutural”, afirmou.
Diante da crise, os familiares aguardam uma resposta das autoridades sobre as condições dos internos e cobram transparência e ações efetivas para melhorar a gestão da unidade prisional.
Carta à imprensa
Em junho deste ano, através de uma carta direcionada à imprensa regional, os detentos do Conjunto Penal de Brumado denunciaram os maus-tratos, agressões e torturas sofridas por parte da equipe diretiva do presídio.
Segundo os prisioneiros, as agressões acontecem até no momento em que eles necessitam de atendimento médico. “O desrespeito é total. Quando um comete algum erro, eles punem todos os demais”, relataram. Ainda na carta, foi explícito um fato acontecido na última segunda-feira (3), quando um dos presos, que se trata de uma pessoa idosa, foi atingido por uma bala de borracha e se encontra com o ferimento na perna. “ (…) E depois eles pressionaram o interno, que é um senhor de idade, a dizer que ele caiu (…) O gás e as balas de borracha, eles usam por diversão”, desabafou.
Feito por Portal Vilson Nunes