
O feminicídio de Sirleide da Silva Pinto, ocorrido na zona rural de Guanambi (BA), revelou um histórico de violência doméstica e perdão que terminou de forma trágica. A vítima, assassinada pelo companheiro Vilobaldo Lima Caldeiras, de 51 anos, já havia sofrido diversas agressões ao longo dos anos e chegou a pedir medidas protetivas de urgência contra ele em janeiro deste ano.
Na ocasião, Sirleide procurou o Núcleo Especial de Atendimento à Mulher (NEAM) e relatou as agressões físicas que vinha sofrendo. A Justiça concedeu as medidas protetivas e a prisão preventiva do agressor foi solicitada. Entretanto, em abril de 2025, a própria vítima solicitou a revogação da proteção, afirmando não se sentir mais em risco. Em sentença assinada pela juíza Cecília Angélica de Azevedo Frota, a Vara Criminal de Guanambi acatou o pedido e extinguiu o processo, revogando as medidas.
O histórico de violência, porém, não começou neste ano. Em 15 de abril de 2025, Vilobaldo havia sido preso em cumprimento a dois mandados — um expedido pela Vara Criminal de Guanambi e outro pela Vara do Júri e das Execuções Criminais de Mauá (SP), onde ele já havia sido condenado por outro feminicídio, praticado em 2015. No entanto, um dia depois, ele foi liberado mediante alvarás de soltura, após análise do Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP) não apontar outros impedimentos legais.
Com a morte de Sirleide, este passa a ser o terceiro caso de violência contra mulheres envolvendo Vilobaldo. Antes da atual vítima, ele já havia tentado matar uma mulher na comunidade de Barriguda, e assassinado outra no estado de São Paulo, crime pelo qual chegou a cumprir pena.
A trágica sequência evidencia um padrão de reincidência e impunidade, em que alertas ignorados e medidas revogadas culminaram em mais uma vida perdida. Sirleide, que já havia denunciado as agressões e buscado proteção, acabou sendo morta por quem dizia amá-la, o mesmo homem a quem ela tentou perdoar.
Feito por Portal Vilson Nunes