
O empresário, e suplente do senador Flávio Bolsonaro, Paulo Marinho afirma que o filho do presidente Jair Bolsonaro soube previamente que a Polícia Federal deflagraria a Operação Furna da Onça, que teve como alvo o ex-servidor de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), Fabrício Queiroz.
Em entrevista concedida à colunista Monica Bergamo, e publicada na edição deste domingo (17) do jornal Folha de São Paulo, Marinho conta que um delegado da PF que era apoiador da candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 avisou o então deputado estadual sobre a existência de uma ação marcada para acontecer entre o primeiro e o segundo turnos das eleições.
Além disso, a PF teria segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, prejudicando assim a campanha de Bolsonaro. O delegado também teria aconselhado o filho do presidente a demitir Queiroz e a filha dele, Nathalia, que trabalhava no gabinete de Bolsonaro quando o presidente ainda era deputado federal, em Brasília.
“O delegado saiu de dentro da superintendência. Na calçada — eu estou contando o que eles me relataram—, o delegado falou: ‘Vai ser deflagrada a Operação Furna da Onça, que vai atingir em cheio a Assembleia Legislativa do Rio. E essa operação vai alcançar algumas pessoas do gabinete do Flávio. Uma delas é o Queiroz e a outra é a filha do Queiroz, que trabalha no gabinete do Jair Bolsonaro em Brasília’”, relatou.
Os dois foram exonerados no dia 15 de outubro de 2018. Marinho – pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSDB – considera que estas conversas podem “explicar” o suposto interesse de Bolsonaro em interferi na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro desembarcou do governo no final de abril acusando o presidente de inerência no órgão, e há um inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em andamento, para apurar a alegação.
O OUTRO LADO
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) classificou a entrevista à Folha de seu suplente, Paulo Marinho, de “invenção de alguém desesperado e sem votos”
Em nota neste domingo, Flávio disse que Marinho “preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão” e trocou a família Bolsonaro pelos governadores João Doria de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro. O ex-aliado de Bolsonaro é pré-candidato à prefeitura do Rio pelo PSDB.
Flávio também alega que Marinho tem interesse em lhe prejudicar, já que, em caso de algum impedimento do hoje senador, é o seu substituto na Casa. “Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás?”, escreve Flávio.
Fonte: Folha de São Paulo